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domingo, 14 de junho de 2015

(Para abraçar com palavras uma aniversariante)

Quatorze de junho floresceu luz. Às cinco horas um polvo gigante brilhava no céu, cobrindo a gente aqui de baixo com seus tentáculos solares, e enquanto bebia o pôr do sol com os olhos, dentro de mim chovia gratidão. Porque o cinema exibia a vigésima primeira estreia de um dos meus filmes favoritos, daqueles que eu não canso de assistir e adivinhar o final.
Ao fim dos trailers e o apagar dos refletores, na tela houve o clarão; começara. No início, tudo era flor, rosas, copos de leite, tulipas, e até flor de cerejeira havia no jardim Essência. À esquerda da tela, na linha do coração, transpassava uma linha de trem, transportando um rio de lágrimas, e brilhava, luzia como a cobra de vidro do quintal de um certo poeta mato-grossense. Ao centro de todas as veredas, uma réplica da caixa de Pandora pulsava um refrão já conhecido, ‘’Novo tempo começou uma nova estação, eu vou navegar nesse novo mar de constelações’’.  
E não bastasse tudo, o vento soprava as folhas, e as folhas faziam ballet da ventania, porque nem alarde as derrubava. A vida ali era renovação, desde o rio que levava esperança, e refletia amor, até as árvores, fortalezas em si. Nem posso descrever aquele céu, imensidão de cor, pra todo humor que nascesse ainda era evento de serenidade.
 E qual não foi a surpresa dos demais expectadores, ao notarem que a forma de jardim se esticava e desdobrava até virar do avesso e se fazer mulher. Ela andou pelo mundo com graça de quem vive pela primeira vez, sonha cor de rosa, e sente como uma anciã. Marcou pegada em cada um que conheceu e reencontrou, porque seus olhos bem sabiam aquilo que não se explica, mas que Vinícius de Moraes tentou, ao versar que ‘’não se faz amigos, reconhece-os’’.

Saí da sala de cinema já com saudades das aventuras da protagonista, pois o filme é uma crescente de comédia romântica, cuja mocinha desperta de si pra dança, mudanças e andanças, levando consigo o mar de suas conquistas. Assisti esses passos com afeição, e embora suspeite que uma hora eles ainda cheguem a Hollywood, não cabe a mim revelar o final dessa história a vós, leitores curiosos da minha pseudo- crônica. Eu apenas lhes conto que a chamam de Ana, e por fazer da vida Luz, Ana Clara; e que dizem por aí que o filme é baseado em fatos reais. 


Bruna Almeida

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